Skip to main content

A grávida precisa de selénio para o desenvolvimento do cérebro do bebé

A grávida precisa de selénio para o desenvolvimento do cérebro do bebéDurante a gravidez, o feto precisa de diversos nutrientes para o desenvolvimento adequado do cérebro e sistema nervoso. Ainda que a mãe faça uma alimentação equilibrada, pode ser difícil obter selénio em quantidade suficiente, por várias razões. Num estudo italiano em animais, publicado na Nutrients, os cientistas analisaram aprofundadamente o papel do selénio durante a gestação e o aleitamento. Observaram que mesmo uma insuficiência de selénio mínima pode ter impacto negativo no comportamento e desenvolvimento do cérebro da descendência. Este estudo corrobora estudos anteriores em humanos, que mostram como é primordial a mãe obter selénio suficiente durante a gravidez e o aleitamento materno.

Nos últimos trinta anos tem sido dada cada vez mais atenção ao impacto da alimentação materna na gravidez e como a alimentação tem influência no risco de a criança desenvolver doenças crónicas mais tarde. E o foco tem sido especialmente o selénio, pois o teor de selénio nos solos agrícolas divergem bastante entre as várias regiões do mundo. Por exemplo, o aporte de selénio em países como Estados Unidos e Japão é relativamente elevado, ao passo que nos países europeus é muito inferior. Na verdade, o aporte de selénio na Europa, muitas vezes, é inferior ao recomendado.
O selénio favorece bem mais de 25 selenoproteínas diversas que intervêm na renovação energética, metabolismo, defesas imunitárias, fertilidade e desenvolvimento do feto. Várias selenoproteínas constituem antioxidantes potentes que protegem as células e os tecidos contra os danos dos radicais livres e do stress oxidativo.
No novo estudo, os cientistas começaram por analisar quatro selenoproteínas especialmente importantes para o cérebro e sistema nervoso:

  • Selenoproteína P. Transporta o selénio para os neurónios via corrente sanguínea.
  • Glutationa peroxidase 1-6 (GPX 1-6). Função antioxidante.
  • Tioredoxina redutases (TXNRD). Função antioxidante e renovação energética.
  • Selenoproteína W. Função antioxidante.

Mais concretamente, estas selenoproteínas intervêm em diversas funções, incluindo capacidades motoras, coordenação, memória e outras capacidades cognitivas. Certos antioxidantes protegem os neurónios e outras células contra o stress oxidativo. Daí pensar-se que estas selenoproteínas têm uma função fulcral durante a fase da gravidez em que o cérebro do feto se desenvolve e é especialmente vulnerável ao stress oxidativo.
É sabido que a insuficiência de GPX4, um antioxidante que protege os neurónios, pode provocar ataxia, termo genérico para a impossibilidade de coordenar os movimentos voluntários e que se sabe causa descoordenação motora e problemas de equilíbrio. Crias que receberam uma alimentação pobre em selénio, após o desmame, mostraram sinais de perturbações neurológicas graves. Estes sintomas desapareceram gradualmente com o aumento do aporte de selénio alimentar.
As crias que foram sujeitas a insuficiência de TXNRD experimental no sistema nervoso apresentaram sinais de atrofia no desenvolvimento e perturbações do movimento, o que indica que esta selenoproteína em concreto é importante para o desenvolvimento e funcionamento do cérebro.
Vários estudos em animais já mostraram que a concentração de selénio da mãe é importante para as defesas imunitárias e fertilidade da descendência. Também é sabido que a insuficiência de selénio em pessoas e gado pode causar ruptura da membrana fetal, aborto espontâneo, parto pré-termo e baixo peso à nascença. Contudo, ainda não há estudos sobre se a concentração de selénio da grávida e da mulher que amamenta tem influência no bebé no que toca a inflamação do cérebro, stress oxidativo e comportamento.

A insuficiência de selénio mínima é nociva para o desenvolvimento cerebral da descendência

O novo estudo italiano, que está publicado na Nutrients, foi realizado em ratinhos-fêmea gestantes e a amamentar. Os cientistas pretendiam observar o que acontecia ao cérebro e ao sistema nervoso da descendência das fêmeas que receberam alimentação com teor de selénio diverso. Todas as fêmeas gestantes receberam a mesma alimentação e quantidade de calorias durante 40 dias depois de parirem. A única excepção foi o selénio, sendo que as fêmeas foram colocadas num destes três grupos, segundo a alimentação administrada: óptima, insuficiente, ou deficiente. Em seguida, os cientistas estudaram a descendência e analisaram o seu desenvolvimento neurológico e avaliaram os diversos marcadores de inflamação e antioxidantes cerebrais.
Os investigadores observaram que, mesmo uma insuficiência de selénio mínima, durante a gestação e o aleitamento, tem impacto negativo no desenvolvimento neurológico e na saúde da descendência. Uma das observações que fizeram foi de que a actividade antioxidante do GPX era mais baixa no córtex cerebral e no fígado, onde tem lugar a síntese primária das selenoproteínas. Observaram, igualmente, que a descendência-macho era mais vulnerável.

De que quantidade de selénio precisamos?

Na Europa, a dose diária recomendada de selénio é entre 50-70 microgramas. A necessidade de selénio aumenta durante a gravidez e o aleitamento materno, razão pela qual muitos cientistas recomendam um aporte diário de 85-100 microgramas para reforçar o desenvolvimento do feto e o teor de selénio no leite materno. Estudos anteriores em grávidas analisaram o efeito da toma de 100 microgramas diários de selénio. Tem-se verificado que esta quantidade previne a ruptura da membrana fetal e pré-eclampsia, que é a causa principal de parto pré-termo.

Suplementos na gravidez

As autoridades de saúde dinamarquesas recomendam que a grávida tome suplementos de ácido fólico, ferro e vitamina D. Há diversos suplementos que contêm igualmente selénio. Deve-se procurar optar por suplementos de qualidade superior, para que o selénio e outros nutrientes sejam devidamente absorvidos no organismo.

  • Os terrenos de cultivo europeus, geralmente, são pobres em selénio. Isto reflecte-se em toda a cadeia alimentar.
  • Durante décadas, os agricultores dinamarqueses têm dado selénio suplementar ao gado para prevenir doenças por carência e infertilidade.
  • Vários estudos mostram que os suplementos de selénio podem ser um reforço na fertilidade, gravidez e na saúde em geral.

Referências bibliográficas:

Maria Antonietta Ajmone-Cat et al. Critical Role of Maternal Selenium Nutrition in Neurodevelopment: Effects on Offspring Behavior and Neuroinflammatory Profile. Nutrients 2022

Jiaomei Yang et al. Maternal Zinc, Copper, Selenium Intakes during Pregnancy and Congenital Heart Defects. Nutrients 2022

Pol Solé-Navais et al. Maternal Dietary Selenium Intake during Pregnancy Is Associated with Higher Birth Weight and Lower Risk of Small for Gestational Age Births in the Norwegian Mother, Father and Child Cohort study. Nutrients. December 2020

Hilten T Mistry et al. Selenium in reproductive health. Journal of Obstetrics and Gynaecology. 2011

Fatemeh Tara et al. Selenium supplementation and premature (pre-labor) rupture of membranes: a randomized double-blind placebo-controlled trial. Journal of Obstetrics and Gynaecology. 2010

Aparna Shreenath. Selenium Deficiency. StatPearls. May 6, 2019

Bent Tolstrup Christensen et al. Selenanvendelse I dansk landbrug. DJF Rapport Nr. 125 2006



Mais informação...

Mais informação...

 

 


Clique aqui para saber mais sobre selénio