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A carência de selénio pode provocar hipertensão?

A carência de selénio pode provocar hipertensão?Sim, segundo um novo estudo publicado na Free Radical Biology & Medicine, a falta de selénio diminui a excreção de sódio pelo rim, através de diversos mecanismos, e isso leva a tensão arterial elevada. Os resultados do estudo são extremamente importantes, porque a hipertensão e a morte prematura subsequente é cada vez mais um problema global. A carência de selénio também é um problema generalizado. Pensa-se que mil milhões de pessoas em todo o mundo tenham falta deste nutriente, sobretudo por causa do solo agrícola pobre em selénio em extensas regiões da China, da Europa e de outros locais.

Estudos epidemiológicos têm mostrado haver relação entre baixa concentração de selénio no organismo e aumento do risco de hipertensão, mas até agora a ciência não sabe qual é exactamente o mecanismo. No novo estudo, a equipa de investigadores constatou que os ratos que tinham recebido uma alimentação pobre em selénio, durante 16 semanas, desenvolveram hipertensão ao mesmo tempo que excretaram menos sódio.
É do conhecimento geral que o sódio liga os líquidos. Se o sódio se acumular no organismo, pode verificar-se hipertensão. Também é sabido que o potássio regula a excreção do sódio pelo rim, pelo que é crucial o equilíbrio entre o sódio e o potássio. Ora, acontece que o selénio também tem influência na quantidade de sódio excretado pelo rim.
Os cientistas constaram que a hipertensão nos ratos com défice de selénio estava relacionada com aumento da expressão do receptor tipo 1 da angiotensina 2 nos rins e que o efeito na tensão arterial é consequência do efeito vaso constritor da angiotensina 2.
Além disso, os investigadores observaram que a carência de selénio aumenta a produção de um tipo de radicais livres denominado peróxido de hidrogénio (H2O2). O peróxido de hidrogénio é um subproduto natural da renovação energética celular, e a renovação energética nos rins é considerável. É igualmente importante que os antioxidantes protectores neutralizem estes radicais livres, a fim de impedir que ocorra stress oxidativo, visto que pode provocar lesão de células e tecidos saudáveis. O selénio aqui é relevante porque sustenta os potentes antioxidantes GPX1 que, normalmente, neutralizam o peróxido de hidrogénio e outros radicais livres.
Além disso, os cientistas constataram que a falta de GPX1 aumenta a actividade de NF-κB (factor nuclear k B), um complexo proteico existente na maioria das células. O NF-κB intervém na resposta celular a stress, radicais livres e infecções. Segundo o novo estudo, o selénio tem influência na função renal e na excreção de sódio pelo rim.

  • Os rins contêm quantidades relativamente grandes de selénio
  • Isto é devido ao facto de o selénio ser fundamental para a renovação energética e outros processos metabólicos.
  • O selénio também favorece os potentes antioxidantes GPX que protegem as células e os tecidos contra o stress oxidativo

A tensão arterial elevada é uma “bomba-relógio”

A tensão arterial elevada é um dos principais factores de risco de coágulos de sangue, insuficiência cardíaca, AVC e outras doenças cardiovasculares, pelo que, em termos de saúde, este problema é de risco máximo. O número de doentes com tensão arterial elevada duplicou no período entre 1990-2019, sendo, actualmente, uma das causas principais de morte. Muitas pessoas têm hipertensão sem o saber, o que torna a situação ainda mais perigosa.
O aparecimento de hipertensão é muito complicado, uma vez que implica genes, alimentação, factores ambientais e doenças, como síndrome metabólica e diabetes. É do conhecimento geral que a ingestão em excesso de sal e hidratos de carbono refinados está associada a tensão arterial elevada. O mesmo acontece com défice de potássio, um mineral que se obtém principalmente de legumes e fruta. Nos últimos anos, também tem havido mais consciência científica da importância de diversos oligoelementos, como o selénio.

A carência de selénio é um problema global

Obtemos selénio a partir da carne, vísceras, peixe, ovos, cereais e diversas colheitas. O teor de selénio no solo agrícola é baixo em extensas regiões de Europa, China e vários outros locais do mundo. Por consequência, estima-se que entre 500 milhões e mil milhões de pessoas em todo o mundo tenham falta de selénio. Isto tem enormes consequências para a saúde pública.
O selénio favorece bem mais que 25 proteínas seleniodependentes (selenoproteínas) que são importantes para uma série de processos metabólicos, além de constituírem antioxidantes potentes. É sabido que o défice de selénio está associado a doenças cardiovasculares, como aterosclerose, doença cardíaca isquémica e insuficiência cardíaca. E, segundo o novo estudo, a carência de selénio também pode desencadear hipertensão.

Referências bibliográficas:

Lifu Lei et al. Selenium deficiency causes hypertension by increasing renal AT1 receptor expression via GPx1/H2O2/NF-κB pathway. Free Radical Biology and Medicine 2 March 2023



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