Cancro da mama: Os níveis de selénio no sangue permitem prever uma sobrevida a 10 anos
Elevados níveis sanguíneos de selénio, um oligoelemento essencial, aumentam a probabilidade de sobrevida a 10 anos do doente com cancro da mama, segundo um estudo populacional polaco, publicado na revista científica Nutrients. Além disso, uma investigação anterior mostrou que a suplementação com levedura de selénio pode diminuir o risco de desenvolver diversas formas de cancro. O solo agrícola na Europa é muito pobre em selénio, e esta é uma das razões por que a insuficiência de selénio é tão comum. A questão é saber de que quantidade de selénio precisamos para optimizar os níveis no sangue.
O selénio apoia cerca de 30 enzimas seleniodependentes, as chamadas selenoproteínas, que são fundamentais para o metabolismo energético celular e outras funções variadas, muitas das quais contribuem para as propriedades anticancerígenas que seguem:
- Regular o crescimento celular
- Constituir antioxidantes potentes (GPX) que protegem o ADN celular e as mitocôndrias contra a agressão dos radicais livres
- Reparar a deterioração do ADN
- Impedir o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos em tumores (anti-angiogénese)
- Reforçar a autodestruição programada das células (apoptose)
- Contribuir para o fortalecimento e bom funcionamento do sistema imunitário
- Neutralizar a inflamação
- Neutralizar as toxinas ambientais como o mercúrio
A insuficiência de selénio na Europa aumenta o risco de vários tipos de cancro
Nas últimas décadas, os baixos níveis de selénio no sangue têm estado ligados ao aumento da taxa de diversos cancros. Além disso, baixos níveis de selénio aumentam o risco de morte por cancro. O aporte de selénio varia muito de país para país. Por exemplo, nos Estados Unidos e Canadá, o aporte alimentar de selénio é muito superior ao da maior parte dos países europeus.
Os investigadores responsáveis pelo novo estudo polaco já tinham reportado que os baixos níveis de selénio estavam ligados ao aumento do risco de cancro da laringe, cancro do pulmão e cancro do cólon. Um estudo em mulheres suecas com cancro da mama também demonstrou que o quartil com os níveis de selénio no sangue mais elevados (≤ 100 µg/L) tinha mais probabilidades de sobreviver do que o quartil com os níveis mais baixos (≥ 81 µg/L).
Acontece que o solo na Suécia, na Dinamarca, na Polónia e noutros países europeus é muito pobre em selénio. Daí as colheitas agrícolas serem pobres em selénio, e isso pode afectar toda a cadeia alimentar.
Na Polónia, as mulheres apresentam níveis médios de selénio no sangue de cerca de 80-90 microgramas por litro, ao passo que os níveis médios de selénio no sangue das americanas são de cerca de 130 microgramas por litro. Isto tem uma importância enorme para a nossa saúde e para as muitas funções orgânicas que dependem das selenoproteínas.
Níveis de selénio elevados aumentam as probabilidades de sobreviver com cancro da mama durante mais de 10 anos
Os cientistas polacos já tinham reportado que baixos níveis de selénio no sangue reflectem-se negativamente na sobrevida a cinco anos de doentes com cancro da laringe, cancro da mama e cancro do pulmão. O estudo mais recente analisou exclusivamente doentes com cancro da mama, de um estudo anterior, e respectivas probabilidades de sobrevida a 10 anos. Os cientistas colheram amostras de sangue de 538 mulheres com o primeiro diagnóstico de cancro da mama invasivo no período de 2008 a 2015. Eram todas oriundas da região de Szcecin, na Polónia. As amostras de sangue foram colhidas antes de se iniciar o tratamento. Os níveis de selénio no sangue foram divididos em quartis e as doentes foram seguidas desde o momento do diagnóstico até ao momento da morte ou do acompanhamento de 10 anos, consoante o que aconteceu primeiro. Acontece que, entre as mulheres do quartil com os níveis sanguíneos de selénio mais baixos, a taxa de sobrevivência era de 65,1%. Comparativamente, o quartil com os níveis de selénio mais elevados tinha uma taxa de sobrevivência de 86,7, o que é uma diferença de 20%.
Os cientistas afirmam que são precisos mais estudos que corroborem que o selénio e os suplementos de selénio aumentam a probabilidade de sobreviver com cancro da mama. O novo estudo está publicado na revista científica Nutrients e confirma a investigação anterior, que demonstra as propriedades anticancerígenas do selénio e mostra que os suplementos podem ajudar a prevenir o cancro da mama, da próstata, do cólon e do pulmão.
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Mesmo com uma alimentação saudável pode ser difícil obter selénio suficiente
O selénio está presente, principalmente, no peixe, marisco, vísceras, ovos, lacticínios e castanha-do-pará, mas as colheitas na Europa são pobres em selénio, como já foi referido. Embora o peixe e o marisco sejam considerados boas fontes de selénio, a investigação mostra que, mesmo consumindo marisco cinco dias por semana, não se obtém selénio em quantidade suficiente. A investigação foi realizada por cientistas dinamarqueses que estudam o cancro. Todavia, os suplementos de selénio podem compensar o baixo aporte de selénio. Opte por levedura de selénio orgânico que contenha diversos compostos de selénio e proporcione a mesma variedade de selénio que se obtém com uma alimentação equilibrada, com diversas fontes de selénio.
De que quantidade de selénio precisamos?
A selenoproteína P é uma proteína fundamental que contém selénio, que é utilizada como um marcador da concentração de selénio no sangue. Os estudos mostram que a dose diária recomendada (DDR) de selénio, que é cerca de 55 microgramas, é muito pouco para saturar a selenoproteína P com eficácia. Para que assim aconteça, precisamos, pelo menos, de 100 microgramas, o que é quase o dobro do recomendado.
A maior parte dos estudos em humanos foram realizados com uma dose de 100-200 microgramas de selénio. A EFSA (Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos) fixou a dose máxima de segurança de selénio em 300 microgramas por dia.
Referências bibliográficas:
Mark Szwiec et al. Serum Selenium Level Predicts 10-Year Survival after Breast Cancer. Nutrients, 8 March, 2021
Rosewell Timmerman, Stanley Omaye. Selenium´s Utility in Mercury Toxicity: A Mini-Review. Scientific Research. 2021
Lutz Shomburg. Dietary Selenium and Human Health. Nutrients 2017
New Links between selenium and cancer prevention. HRB. December 2017
Clark LC et al: Effects of Selenium Supplementation for Cancer Prevention in Patients with Carcinoma of the Skin. JAMA: 1997.
Støt Brysterne – om brystkræft – Kræftens Bekæmpelse (cancer.dk)