Q10 na prevenção e tratamento da doença cardiovascular
As doenças cardiovasculares são comuns e são uma das causas principais de morte. E o risco aumenta com factores como idade, diabetes e excesso de peso. Uma das causas subjacentes é o stress oxidativo, que consiste no desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes. O Q10, que intervém na renovação energética celular, é um dos antioxidantes mais potentes. Segundo um artigo de revisão, publicado na revista científica Antioxidants, a suplementação com Q10 pode reduzir o stress oxidativo e a mortalidade cardiovascular. Pode, igualmente, melhorar a qualidade de vida e aumentar a probabilidade de sobrevivência. De uma maneira geral, o Q10 tem muitas potencialidades para quem deseje manter-se saudável, e é importante optar por um suplemento com qualidade e biodisponibilidade comprovadas.
Quase um em cada 10 europeus tem problemas cardíacos ou do sistema circulatório, sendo que a doença cardiovascular é a primeira causa de morte em todo o mundo. As doenças crónicas, como a diabetes e a doença de Alzheimer, que estão associadas a má circulação, contribuem para a elevada mortalidade. A idade é a causa principal de problemas cardiovasculares, porquanto dá origem a alterações estruturais e funcionais dos vasos sanguíneos e do coração. E uma das razões principais é a perturbação na renovação de oxigénio nas mitocôndrias, que são as centrais eléctricas celulares. Isto produz radicais livres e aumenta o risco de stress oxidativo, em que os radicais livres atacam o colesterol no sangue, fazendo com que o colesterol oxidado e deteriorado se deposite nas paredes dos vasos. Isto acaba por levar a aterosclerose, por regra, nas artérias coronárias, no cérebro e nos membros inferiores.
A aterosclerose também afecta as células endoteliais que revestem o interior do coração e dos vasos sanguíneos, provocando um aumento da presença de citocinas pró-inflamatórias e stress oxidativo.
A aterosclerose progressiva pode levar a perda de elasticidade das artérias e a uma série de sintomas, em que o enfarte do miocárdio e o AVC são as causas principais de morte.
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O Q10 melhora o sistema circulatório e a função cardíaca de várias formas
O Q10 é uma coenzima de que todas as células precisam para produzirem energia. As concentrações mais elevadas de Q10 encontram-se no coração, o músculo, sujeito a grande esforço, que bombeia ininterruptamente. O Q10 também é um antioxidante muito importante que protege as células e respectivas mitocôndrias contra o stress oxidativo.
O ser humano sintetiza a maior parte do Q10, mas a produção endógena diminui com a idade, como acontece com as concentrações de Q10 no coração e noutros órgãos. Isto dá origem a diminuição do metabolismo do oxigénio nas células e aumento subsequente do número de radicais livres. A falta de Q10 para protecção antioxidante cria condições para stress oxidativo e doença cardiovascular.
Observou-se que os doentes com insuficiência cardíaca têm menos Q10 sérico. Além disso, as estatinas podem inibir a síntese endógena de Q10 do organismo. No seu artigo de revisão, os cientistas analisam as grandes potencialidades do Q10 na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, nomeadamente devido ao facto de:
- Aumentar as concentrações de Q10 no sangue, células e tecidos
- Melhorar a função mitocondrial e o metabolismo energético
- Aumentar a vitalidade
- Reduzir o stress oxidativo
- Melhorar a função das células endoteliais
- Neutralizar a inflamação
- Reduzir a rigidez arterial
- Prevenir a aterosclerose
- Baixar a tensão arterial
- Melhorara a função cardíaca em doentes com insuficiência cardíaca
- Diminuir a taxa de mortalidade em doentes com insuficiência cardíaca
- Diminuir a necessidade de terapêutica cardíaca após cirurgia
- Melhorar os resultados clínicos em doentes submetidos a cirurgia de by-pass
- Baixar os níveis de HbA1c (hemoglobina glicada) em diabéticos
- Diminuir os efeitos secundários dos antidislipidémicos
- Reduzir as despesas dos serviços de saúde
Estudos em doentes com insuficiência cardíaca, idosos, e diabéticos
No artigo de revisão, os cientistas reportam-se a 112 artigos publicados e um conjunto de estudos que mostram como a suplementação com Q10 reduz significativamente a mortalidade cardiovascular. O Q-Symbio é um dos estudos mencionados. Nele, os doentes com insuficiência cardíaca receberam placebo ou suplementação diária com 300 mg de Q10 como terapêutica adjuvante do protocolo terapêutico convencional. Após dois anos, o grupo de Q10 apresentava menos 43% de mortes relacionadas com o coração comparativamente ao grupo placebo. Além disso, a taxa de internamentos tinha diminuído em 43% no grupo de Q10.
Os investigadores também citam o estudo KiSel-10, em que se administrou Q10 e levedura de selénio, em associação, a um grupo de idosos saudáveis. A razão para combinar os nutrientes prende-se com o facto de o Q10 depender do selénio para funcionar perfeitamente. Além disso, a insuficiência de selénio é bastante comum na Europa. O estudo Kisel-10 prolongou-se por cerca de cinco anos e mostrou que os participantes do grupo que recebeu suplementação tinham um risco de morte cardiovascular 54 por cento inferior e bastante menos internamentos.
Um estudo de seguimento de 12 anos mostrou inclusivamente que a intervenção com Q10 e levedura de selénio tinha um nítido efeito a longo prazo na função cardíaca e na esperança de vida.
Uma nova metanálise mostra que a suplementação com Q10 tem efeito positivo nas células endoteliais e faz baixar o colesterol nos diabéticos, o que reduz o risco de doença cardiovascular. Além disso, os diabéticos que tomam Q10 podem diminuir os níveis de hemoglobina glicada (HbA1c), o que é um indicador de melhoria do metabolismo dos hidratos de carbono
Opte pela qualidade adequada de Q10 e tome a dose ideal
O Q10 tem muitas potencialidades na prevenção e tratamento da doença cardiovascular, mas só funciona devidamente se o suplemento tiver a qualidade adequada. É fundamental que o Q10 seja formulado de modo a torná-lo biodisponível e capaz de chegar às células. Na maior parte dos estudos de doentes com insuficiência cardíaca, os investigadores utilizam doses de 200 e 300 miligramas. A absorção do Q10 pelo organismo atinge o limite aos 100 miligramas, pelo que, para optimizar o benefício de doses superiores a 100 mg, a dose mais elevada deve ser fraccionada em doses mais pequenas.
Referências bibliográficas:
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