Skip to main content

A falta de selénio e zinco aumenta o risco de infecção por SARS-CoV-2, complicações e morte

A falta de selénio e zinco aumenta o risco de infecção por SARS-CoV-2, complicações e morteNo que toca a infecção por SARS-CoV-2 e outras infecções virais sazonais, a atenção concentra-se, sobretudo, na insuficiência de vitamina D. Contudo, segundo um estudo belga, a falta de selénio e zinco aumenta ainda mais o risco de infecções, complicações e morte, especialmente entre os doentes que já sofrem de doença crónica. Os cientistas concluem que a suplementação com selénio e zinco pode contribuir para optimizar as terapêuticas. A insuficiência de selénio e de zinco é muito comum, e isso é um problema de saúde pública. Mesmo fazendo uma alimentação saudável, é praticamente impossível a população europeia obter selénio em quantidade suficiente, devido aos terrenos de cultivo pobres em selénio. Além disso, são muitas as pessoas com insuficiência de zinco causada por factores como alimentação pouco saudável, envelhecimento, doenças crónicas, entre outros. Há que dar mais atenção ao aporte adequado de selénio e zinco, quanto mais não seja por uma questão de prevenção de infecções virais e outros problemas.

O selénio e o zinco são oligoelementos, ambos importantes para o bom funcionamento do sistema imunitário, sinalização celular e defesas contra os vírus. Ambos os nutrientes também são constituintes essenciais de antioxidantes importantes (GPX e SOD) que protegem as células contra o stress oxidativo causado pelos radicais livres.
O ser humano produz naturalmente radicais livres como um subproduto do metabolismo energético e de outros processos metabólicos, mas os radicais livres devem ser controlados. A carga de radicais livres aumenta extraordinariamente por factores como stress, envelhecimento, infecções, excesso de peso, intoxicação e tabagismo. O stress oxidativo é um fenómeno que ocorre quando há desequilíbrio entre radicais livres nocivos e antioxidantes protectores, sendo que os radicais livres podem atacar células e tecidos saudáveis. E isto cria condições para uma série de diversas doenças crónicas. Acontece que a infecção grave por SARS-CoV-2 também tem a ver com stress oxidativo.

Os níveis de selénio e de zinco estão associados à gravidade da COVID-19

Cientistas de dois hospitais belgas, na região de Gante, fizeram uma análise mais aprofundada sobre se os níveis sanguíneos de selénio e zinco em doentes internados com COVID-19 estavam associados à gravidade da doença e ao risco de mortalidade. Participaram no estudo 138 doentes com e sem outras doenças crónicas. Os cientistas fizeram o doseamento sérico de selénio, zinco, ferro e cobre.
Relativamente ao selénio, avaliaram especificamente a selenoproteína P, porque é esta selenoproteína que é usada para avaliar a concentração de selénio no organismo. Através de vários processos enzimáticos, a selenoproteína P é transformada em muitas outras selenoproteínas, incluindo os potentes antioxidantes GPX. Por esta via, as diversas selenoproteínas são primordiais para as defesas imunitárias, metabolismo, resposta inflamatória e defesas contra o stress oxidativo.
Os doentes com COVID-19 tinham idades compreendidas entre os 18 e 100 anos, e 52% tinham mais de 65 anos.
Num dos hospitais, os investigadores recolheram, simultaneamente, dados sobre outras doenças crónicas dos doentes, como diabetes tipo 2, excesso de peso e cancro.
Constataram que níveis insuficientes de selénio e/ou zinco estavam significativamente associados a agravamento da infecção por SARS-CoV-2 e também a aumento da mortalidade.
Isto é especialmente verdadeiro em pessoas idosas, pessoas com excesso de peso e doentes com cancro, com diabetes tipo 2 ou outras doenças crónicas. Por oposição, os doentes oncológicos com maiores concentrações de selénio tinham mais probabilidades de sobreviver. Os cientistas também observaram que os doentes tinham níveis suficientes de cobre e que os níveis de ferro eram mais elevados nos homens do que nas mulheres.

Optimização dos níveis de selénio e zinco para melhores terapêuticas e prevenção

De acordo com os cientistas responsáveis pelo estudo belga, os níveis sanguíneos da selenoproteína P e do zinco são úteis para prever se a infecção por SARS-CoV-2 evolui para doença ligeira ou doença crítica. A optimização dos níveis sanguíneos de selénio e zinco, através de suplementação, pode ser usada para optimizar as terapêuticas para infecção por SARS-CoV-2 e infecções virais semelhantes.
A insuficiência de selénio e de zinco é generalizada, pelo que é importante dar mais atenção a estes oligoelementos na prevenção da COVID-19 e de outras infecções em que se observam níveis baixos destes nutrientes.
O novo estudo belga, que está publicado na Nutrients, corrobora vários estudos anteriores sobre o papel crucial do selénio e do zinco ao ajudar as defesas imunitárias a combater a COVID-19 e outras infecções respiratórias.

  • Pensa-se que cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo têm falta de selénio
  • Defesa imunitária reduzida, fadiga, queda de cabelo, aumento de peso, baixa fertilidade, problemas da tiróide e declínio cognitivo podem ser sinais de falta de selénio

 Suplementação com selénio e razões pelas quais as pessoas têm falta de selénio

O teor de selénio natural do solo pode divergir numa percentagem de várias centenas, de uma região do mundo para outra. Os métodos agrícolas intensivos provocam ainda mais depleção do nutriente, e isto afecta toda a cadeia alimentar. Segundo a OMS, mais de 40 países têm solo pobre em selénio, e o teor mais baixo do solo observa-se na Europa, África, China, Índia e América do Sul.
A nossa alimentação alterou-se. Consumimos menos peixe e miúdos, o que contribui para a falta generalizada de selénio. Em países como a Dinamarca, a dose de referência (DR) é de 55 microgramas por dia, mas de acordo com a investigação, não é suficiente para saturar devidamente a selenoproteína P, a selenoproteína que é usada como um marcador da concentração de selénio no sangue. São precisos cerca de 100 microgramas diários de selénio para a saturação eficaz desta selenoproteína.
A levedura de selénio com vários tipos de selénio natural é a indicada para suplementação, visto que simula a variedade de selénio natural numa alimentação equilibrada, com várias fontes de selénio. A EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) fixou a dose máxima de segurança de selénio em 300 microgramas diários.
De qualquer modo, deve-se procurar fazer uma alimentação equilibrada, porque as várias selenoproteínas também precisam de vitamina D para funcionarem devidamente.

  • Cerca de 2 mil milhões de pessoas em todo o mundo têm falta de zinco
  • Defesa imunitária reduzida, falta de apetite, problemas de fertilidade, queda de cabelo, doenças da pele e perda do paladar e do olfacto podem ser sinais de falta de zinco

Suplementação com zinco e razões pelas quais as pessoas têm falta de zinco

O zinco encontra-se principalmente nas ostras, na carne, ovos, lacticínios, frutos secos, sementes, grãos e leguminosas. O zinco de fonte alimentar animal é absorvido melhor do que o zinco de fonte vegetal. A insuficiência de zinco, normalmente, é consequência de hábitos alimentares pouco saudáveis e falta de proteína animal. O aporte excessivo de ferro, cálcio, e o consumo excessivo de álcool são também factores que contribuem. Envelhecimento, doença celíaca, diabetes, vários tipos de medicamentos e pílula anticoncepcional também podem aumentar a necessidade de zinco.
A dose diária de referência é de 10 mg. Muitos suplementos de zinco contêm tipos de zinco inorgânico, como o sulfato de zinco e o óxido de zinco, que têm má absorvibilidade. Por outro lado, as fontes de zinco orgânico, como o gluconato de zinco e o acetato de zinco, são facilmente absorvidas pelo organismo. Ler sempre os rótulos antes de comprar suplementos.
A EFSA fixou a dose máxima de segurança de zinco em 25 mg por dia (adultos)

Referências bibliográficas

Gijs Du Laing et al. Course and Survival of COVID-19 Patients with Comorbidities in relation to the Trace Element Status at Hospital Admission. Nutrients September 2021

Lutz Schomburg. Selenium Deficiency Due to Diet, Pregnancy, Severe Illness or COVID-19 – A Preventable Trigger for Autoimmune Disease. International Journal of Molecular Sciences. 2021

Qiyuan Liu et al. Selenium (Se) plays a key role in the biological effects of some viruses: Implications for COVID-19. Environmental Research. 2021

Outzen M, et al. The effect on selenium concentrations of a randomized intervention with fish and mussels in a population with relatively low habitual dietary selenium intake. Nutrients. 2015;7(1):608-24.

Ozlem Equils et al. Proposed mechanism for anosmia during COVID-19: The role of local zinc distribution. Oat. 2020

Nikki Hancocks. Diet and supplements: Swiss panel publishes COVID-19 recommendations. 2020

Luke Maxfield, Jonathan S. Crane. Zinc Deficiency. NCBI March 18, 2019

University of Helsinki. Zink acetate lozenges may increase the recovery rate from the common cold by three-fold. ScienceDaily May 11, 2017


Mais informação...

Mais informação...

 

 


Clique aqui para saber mais sobre selénio