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Os doentes com hemocromatose hereditária têm falta de Q10

- e os suplementos podem ter utilidade terapêutica

Os doentes com hemocromatose hereditária têm falta de Q10A hemocromatose hereditária é um grupo de doenças que se caracterizam por acumulação de ferro no organismo. Isto leva ao stress oxidativo e destruição tecidual, o que pode afectar o fígado e outros órgãos. De acordo com um novo estudo argentino, os doentes com hemocromatose hereditária têm falta de Q10. Como o Q10 é primordial para a renovação energética celular, além de constituir um antioxidante potente contra o stress oxidativo, a insuficiência de Q10 contribui para a doença. É por isso que o Q10, como esclarecem os investigadores responsáveis pelo novo estudo, pode representar um agente novo e seguro no tratamento da doença.

A hemocromatose hereditária é um grupo de doenças que se caracterizam por acumulação de ferro no organismo, principalmente no fígado, na pele, nas articulações e no pâncreas. Para desencadear a doença nos filhos, o gene defeituoso, designado de HFE, tem de ser transmitido por ambos os pais. É no fígado que se deposita a maior quantidade de ferro, razão pela qual este órgão, normalmente, é o primeiro a ser atingido. Se o problema não for tratado, os níveis excessivos de ferro podem provocar cirrose hepática e cancro do fígado (carcinoma hepatocelular).
O ferro é um mineral essencial, especialmente importante para a hemoglobina no sangue que transporta o oxigénio para todas as células. Contudo, o excesso de ferro no organismo pode fazer com que o mineral provoque a formação de radicais livres. Os radicais livres são moléculas altamente reactivas e potencialmente agressivas.
Os radicais livres, normalmente, são produzidos como resíduos do metabolismo do oxigénio e de outros processos metabólicos. Para impedir que estas moléculas provoquem lesão das células e do seu ADN, é fundamental ter os radicais livres controlados. Caso contrário, há o risco de stress oxidativo, ou seja, desequilíbrio entre radicais livres nocivos e antioxidantes protectores.
Acontece que a coenzima Q10 é um dos antioxidantes mais importantes. É igualmente fundamental para a produção de energia nas células, que ocorre no interior das mitocôndrias. Pensa-se que o Q10 representa a primeira linha de defesa, ao conferir protecção aos lípidos, células e ADN celular contra o stress oxidativo. Além disso, o Q10 consegue restabelecer a actividade antioxidante da vitamina E. Daí que a falta de Q10 seja considerada um marcador precoce de stress oxidativo e várias alterações metabólicas.
O ser humano é capaz de sintetizar a maior parte do seu próprio Q10, mas a síntese de Q10 endógena diminui com a idade. A insuficiência de Q10 pode ser classificada como “insuficiência primária” ou “insuficiência secundária”. A insuficiência de Q10 secundária observa-se em muitas doenças hereditárias que se caracterizam por stress oxidativo.
Há cada vez mais evidência do efeito positivo da terapêutica precoce com Q10 nas doenças por insuficiência secundária, como perturbações musculares, doenças neurodegenerativas, doenças cardiovasculares, baixa fertilidade e cancro
No novo estudo, os investigadores pretenderam fazer o doseamento sérico de Q10 em doentes com hemocromatose, bem como analisar qual a correlação com diversos marcadores da doença.

Insuficiência de Q10 significativa em todas as fases da doença

Os investigadores estão ligados à Universidade de Buenos Aires e ao Hospital de Clinicas José de San Martin, em Buenos Aires, na Argentina. No estudo, participaram 38 doentes (32 homens e 6 mulheres), todos com diagnóstico recente de hemocromatose. Os investigadores colheram amostras de sangue para fazer o doseamento sérico de Q10, ferro, ferritina, transferrina e vitaminas A, C, e E. Fizeram-se ainda provas da função hepática dos doentes (transaminases, fosfatase alcalina e bilirrubina), além de análises de amostras histológicas e de três genes que sofreram mutação. O grupo de controlo consistiu em 25 indivíduos saudáveis (22 homens e 3 mulheres) sem sinais clínicos de excesso de ferro ou de qualquer tipo de doença hepática.
Verificou-se que todos os doentes com hemocromatose tinham níveis de Q10 significativamente inferiores comparativamente ao grupo de controlo. Não foi detectada diferença nos níveis de vitamina A e vitamina C entre os dois grupos. Contudo, os doentes com hemocromatose tinham níveis de vitamina E bastante inferiores.

A suplementação com Q10 pode ser uma nova forma terapêutica segura

Segundo os cientistas, a falta de Q10 em doentes com hemocromatose sugere que a suplementação com Q10 pode representar uma estratégia segura e potencialmente útil quando combinada com terapêuticas convencionais. A toma de Q10 pode reduzir o stress oxidativo e a lesão tecidual provocados pela doença. Simultaneamente, o Q10 intensifica o efeito da vitamina E.
O novo estudo está publicado em Clinics and Research in Hepatology and Gastroenterology. Embora os suplementos de Q10 possam ser uma esperança como terapêutica adjuvante eficaz, é fundamental certificar-se de que são de grande qualidade. No Q10 enquanto matéria-prima, as moléculas de Q10 formam cristais que não conseguem atravessar a parede intestinal e entrar no sangue. O organismo não consegue absorver o ingrediente activo, a menos que estes cristais sejam completamente dissolvidos. Um método patenteado, que implica utilizar óleos vegetais com diferentes pontos de fusão e um processo de aquecimento especial, deu provas de tornar a coenzima Q10 completamente absorvível.
Deve-se procurar sempre optar por coenzima Q10 de qualidade farmacêutica com biodisponibilidade comprovada

Referências bibliográficas:

Manuela R. Martinefski et al. Coenzyme Q10 deficiency in patients with heredity hemochromatosis. Clinics and Research in Hepatology and Gastroenterology 45 (2021) www.sciencedirect.com

Lain Hargreaves et al. Disorders of Human Coenzyme Q10 Metabolism: An Overview. International Journal of Molecular Sciences. 2020

Will Chu. Co enzyme Q10 has potential to help chronic condition symptoms, review finds. NUTRAingredients.com 2020


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