O selénio aumenta o comprimento dos telómeros, bem como a esperança de vida
As células do nosso organismo estão em constante renovação, mas apenas conseguem dividir-se um certo número de vezes. Tudo depende do comprimento dos telómeros, que se podem comparar às pontas de plástico que revestem as pontas dos atacadores. Sempre que uma célula se divide, os seus telómeros ficam mais curtos, o que faz com que a célula fique mais próxima da sua fase terminal. Um estudo chinês vem agora mostrar que maior aporte de selénio está relacionado com maior comprimento dos telómeros. Dito de outra maneira, maior aporte de selénio contribui para proteger as células e permitir-lhes replicarem-se mais vezes. Isto, provavelmente, retarda o processo de envelhecimento e prolonga a esperança de vida, e há vários estudos que sugerem isto mesmo. Vale a pena referir que a insuficiência de selénio está disseminada pela Europa e por todo o mundo.
O corpo humano contém cerca de 1013 ou 50 biliões de células. Cada célula contém material genético (ADN) que está organizado em estruturas longas, chamadas cromossomas. Quando a célula se replica, os cromossomas duplicam. Na ponta de cada cadeia de ADN encontra-se o telómero, que se pode comparar à protecção de plástico que reveste a ponta de um atacador, impedindo-o de se desfiar. De cada vez que a célula se divide, os telómeros ficam mais curtos. Os telómeros acabam, por assim dizer, por se desgastar e ficam demasiado curtos para proteger o cromossoma. Quando isto acontece, a célula deixa de replicar-se e leva a cabo aquilo a que se chama apoptose – ou autodestruição programada. Por conseguinte, quanto mais compridos forem os telómeros melhor.
A alimentação e o estilo de vida determinam o comprimento dos telómeros
Foi a microbióloga Elizabeth Blackburn quem, em 1975, identificou os telómeros e sua função, o que lhe valeu, mais tarde, o Prémio Nobel da Medicina. Desde então que há cada vez mais evidência de que a alimentação e o estilo de vida são importantes para o comprimento dos telómeros. Também é sabido que o stress, hábitos alimentares pouco saudáveis, falta de sono, inflamação e doenças crónicas, como a diabetes, podem ter o efeito de encurtamento dos telómeros, e o mesmo é valido para o stress oxidativo, ou seja, desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes.
Na verdade, o stress oxidativo é o denominador comum da maior parte das doenças crónicas e do processo de envelhecimento, mas o selénio é um antioxidante único que sustenta a glutationa peroxidase (GPx) que protege as células e respectivos telómeros contra o stress oxidativo.
Relação entre o comprimento dos telómeros e o aporte de selénio
Vários estudos mostram que hábitos alimentares saudáveis, fibras e flora intestinal saudável contribuem para um maior comprimento dos telómeros, se bem que haja pouca investigação que se concentre no selénio alimentar e no comprimento dos telómeros. Daí que um grupo de cientistas chineses, da Guangdong Medical University e da Huazhong University and Technology, tenha decidido fazer um estudo mais aprofundado. Os cientistas recolheram dados de um grande estudo da população americana, denominado NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey), que analisa hábitos alimentares e saúde.
Os cientistas chineses analisaram concretamente os hábitos alimentares de 3194 americanos, com idade igual ou superior a 45 anos, e calcularam o respectivo aporte de selénio. Também foi avaliado o comprimento dos telómeros dos glóbulos brancos.
Após ajustamento para vários factores potencialmente perturbadores que poderiam falsear os resultados, concluíram que um aumento de 20 microgramas diários do aporte de selénio aumentava o comprimento dos telómeros em todos os participantes, especialmente em mulheres que não tinham excesso de peso. Na verdade, parece haver correlação directa entre o aporte total de selénio e o comprimento dos telómeros.
Cientistas influentes consideram que serão precisos cerca de 100 microgramas, ou mais, de selénio por dia para a saturação eficaz da selenoproteína P, uma das muitas selenoproteínas que é usada especificamente para avaliar a concentração de selénio no organismo. A maior parte dos europeus não obtém esta quantidade de selénio na alimentação. Dado que o selénio também pode ser tóxico se for ingerido em grandes quantidades, a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) fixou a dose diária máxima tolerada de selénio em 300 microgramas.
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A suplementação com selénio e Q10 reduz para metade a mortalidade nos idosos
Estudos anteriores sugerem que o selénio protege as células e aumenta a longevidade. Por exemplo, o estudo sueco de intervenção, controlado com placebo, KiSel-10, em que foram administrados selénio e coenzima Q10 a um grande grupo de idosos, durante cinco anos, revelou resultados impressionantes. A administração de selénio e coenzima Q10, em associação, deveu-se ao facto de o selénio ser, não só um antioxidante potente, mas também pré-requisito para a Q10 funcionar perfeitamente na renovação energética celular.
O solo agrícola na Europa é pobre em selénio. Além disso, como a síntese de Q10 endógena diminui com a idade, as pessoas de mais idade têm falta deste composto essencial. Daí que os participantes do estudo tenham recebido uma dose diária de 200 microgramas de levedura de selénio padronizada e patenteada e 200 mg de coenzima Q10 de qualidade farmacêutica.
O estudo KiSel-10 teve uma duração de cinco anos e mostrou que os participantes que tomaram selénio e coenzima Q10 tinham melhor função cardíaca e o risco de morte por doença cardiovascular diminuíra em 54%.
Estudos de seguimento após 10 e 12 anos, respectivamente, mostraram que a suplementação com selénio e Q10 tinha efeito a longo prazo na função cardíaca e na esperança de vida. É de admitir que o efeito seria ainda maior se os participantes tivessem continuado a tomar os suplementos.
O estudo KiSel-10 é único, na medida em que investiga de que modo a suplementação com selénio e Q10 pode ajudar as pessoas saudáveis a manterem-se de boa saúde. |
Deve optar sempre por suplementos de qualidade comprovada
O mercado dos suplementos alimentares é uma selva em que é fácil desorientarmo-nos. Deve-se, por isso, optar sempre por suplementos de qualidade superior que o organismo consiga absorver e metabolizar. Será também boa ideia procurar suplementos com qualidade e segurança cientificamente comprovadas.
A qualidade das matérias-primas, o processo a que são submetidas e o método de fabrico, todos são primordiais para a biodisponibilidade dos produtos e respectivo efeito no organismo. É igualmente importante que os suplementos proporcionem a dose adequada.
Referencias bibliográficas
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Klelia D. et al. Association of telomere length with type 2 diabetes, oxidative stress and UCP2 gene variation. Atherosclerosis 2010
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Alehagen U, et al. Cardiovascular mortality and N-Terminal-proBNP reduced after combined selenium and coenzyme Q10 supplementation. Int J Cardiol. 2012
Alehagen U et al. Reduced Cardiovascular Mortality 10 Years after Supplementation with Selenium and Coenzyme Q10 for four years. Follow-Up Results of a Prospective Randomized Double-Blind Placebo-Controlled trial in Elderly Citizens. PLoS One 2015
Urban Alehagen et al. Still reduced cardiovascular mortality 12 years after supplementation with selenium and coenzyme Q10 for four years. A validation of previous 10-years follow-up results of a prospective randomized double-blind placebo-controlled trial in elderly. PloS One 2018
https://nyheder.ku.dk/alle_nyheder/2013/2013.3/forskere_kortlaegger_cellers_ungdomskilde/
https://www.nobelprize.org/womenwhochangedscience/stories/elizabeth-blackburn