Os suplementos de Q10 aumentam a probabilidade de sobreviver à sépsis
- um estado grave, comum, que se caracteriza pela existência de toxinas no sangue
Segundo a OMS, a sépsis é a terceira causa de morte mais comum, logo a seguir a doença cardiovascular e cancro. A sépsis surge como resultado de hiper-reacção das defesas a uma infecção no sangue circulante. Segundo um estudo eslovaco, publicado no Bratislava Medical Journal, começar a suplementação com Q10 logo no início da fase de tratamento pode reduzir os sintomas e aumentar as hipóteses de sobrevivência. Saiba mais sobre outro nutriente que contribui para a prevenção da sépsis.
A sépsis, normalmente, surge como resultado de infecção numa ferida ou num órgão. No espaço de horas, a sépsis pode afectar o sistema circulatório, os pulmões ou vários outros órgãos. Este estado, potencialmente fatal, é resultado de hiper-reacção das defesas a uma infecção no sangue circulante, onde provoca uma tempestade de citocinas e hiperinflamação e ataca tecidos saudáveis. Em cerca de 50 por cento dos doentes com choque séptico, a morte ocorre num curto espaço de tempo. Daí que a sépsis requeira acção imediata, sendo que a cortisona é a terapêutica mais usada, que inibe as defesas imunitárias hiperactivas. Todavia, muitas vezes, o tratamento é insuficiente e, segundo a OMS, esta doença é a terceira causa de morte mais comum, logo a seguir a doença cardiovascular e cancro.
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Porque é que o Q10 é importante no tratamento da sépsis?
A coenzima Q10 é uma molécula singular com uma diversidade de funções. Em primeiro lugar, o Q10 constitui uma coenzima essencial na produção de energia celular que tem lugar no interior das centrais de energia das células – também conhecidas por mitocôndrias. Em segundo lugar, o Q10 é um antioxidante muito importante que protege o organismo contra o stress oxidativo, que é um desequilíbrio entre os radicais livres nocivos e os antioxidantes protectores. Os radicais livres são subprodutos naturais do metabolismo energético celular, sendo que, por exemplo, infecções, processos de envelhecimento, tabagismo e intoxicação produzem ainda mais radicais livres. Em relação ao stress oxidativo, os radicais livres tornam-se excessivamente agressivos, desencadeando reacções em cadeia, em que atacam as células e respectivas mitocôndrias de forma descontrolada. E isto pode ter consequências devastadoras se o organismo tiver falta de antioxidantes, especialmente Q10. O ser humano consegue sintetizar Q10, mas a produção endógena vai diminuindo com a idade. Determinadas doenças e a toma de antidislipidémicos também têm influência na síntese de Q10 do organismo, fazendo com que os níveis do composto desçam.
Cientistas: Q10 reduz os mecanismos de inflamação e o risco de morte por sépsis
Estudos anteriores mostraram que os doentes de sépsis têm níveis inferiores de Q10 no sangue e até têm disfunções nas mitocôndrias energéticas. Daí os cientistas responsáveis pelo recente estudo eslovaco pretenderem estudar o efeito da administração de suplementos de Q10 a doentes com diagnóstico de sépsis em fase inicial. Como a sépsis se caracteriza por hiperinflamação e stress oxidativo, os cientistas analisaram os marcadores pertinentes.
No estudo controlado e aleatório ,participaram 40 doentes com sépsis.
Metade dos doentes recebeu 100 mg de Q10, duas vezes por dia, durante sete dias, além da terapêutica de 1ª linha. O outro grupo (grupo de controlo) apenas recebeu a terapêutica de 1ª linha. Os investigadores avaliaram os níveis de marcadores, como interleucina 6 (IL-6), factor necrosante tumoral alfa (TNF-alfa), glutationa peroxidase e dialdeído malónico (MDA), nos primeiro, terceiro e sétimo dias. Além disso, os cientistas registaram a evolução clínica dos doentes e o número de doentes que tinham morrido durante o internamento.
Basicamente, não se verificou qualquer diferença nos níveis de marcadores inflamatórios e de stress oxidativo nos dois grupos. Contudo, no grupo de Q10, os marcadores como factor necrosante tumoral alfa (TNF-alfa) e dialdeído malónico (MDA) tinham baixado consideravelmente ao sétimo dia. Além disso, no grupo de Q10 tinham morrido menos pessoas comparativamente ao grupo de controlo.
Os cientistas sugerem, por isso, que a suplementação com Q10, começada logo na fase inicial da sépsis, pode ter efeito positivo nos parâmetros clínicos e na função mitocondrial.
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Importante! A vitamina D é importante na prevenção da sépsis
O risco de ter sépsis e de morrer da doença aumenta exponencialmente com a falta de vitamina D, segundo um estudo iraniano publicado em Archives of Academic Emergency Medicine. Como a sépsis é tão frequente e potencialmente fatal, carece de muito mais atenção, incluindo diagnóstico, tratamento rápido e prevenção eficaz.
Qual a semelhança entre sépsis, COVID-19 e gripe potencialmente fatais?
Quando a sépsis, a COVID-19 ou a gripe se tornam potencialmente fatais, o que acontece nos três casos é uma híper-reacção do sistema imunitário com tempestade de citocinas, hiperinflamação e subsequente destruição dos tecidos. Não são as bactérias ou os tipos de vírus implicados que são potencialmente fatais. É o nosso sistema imunitário que fica desregulado porque tem falta de nutrientes, como Q10 e vitamina D, que são necessários para o regular.
Referências bibliográficas:
R. Soltani et al. Coenzyme Q10 improves the Survival and Reduces Inflammatory Markers in Septic Patients. Bratislava Medical Journal. 2020
Majid Shojaei et al. The Correlation between Serum Level of Vitamin D Outcome of Sepsis Patients; a Cross-sectional Study. Archives of Academic Emergency Medicine 2019
Palle Toft og Thomas Strøm. Sepsis, den tredjehyppigste dødsårsag, registreres ikke i Danmark. Ugeskrift for Læger 2018
Ali Daneshkhah et al. The Possible Role of Vitamin D in Suppressing Cytokine Storm and Associated Mortality in COVID-19 Patients. medRxiv April 30, 2020