Q10 salva a vida de doentes com insuficiência cardíaca e melhora a qualidade de vida
Há muitas pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca crónica – muitas vezes sem o saber. Muitos estudos demonstraram que a suplementação com Q10 pode melhorar a qualidade de vida e até reduzir a mortalidade. Num artigo publicado em Pharmacologic Therapy analisam-se os muitos estudos de Q10 e salienta-se a importância de optar por uma formulação de Q10 com boa biodisponibilidade.
A insuficiência cardíaca crónica afecta milhões de pessoas em todo o mundo. A doença desenvolve-se lentamente e surge em consequência de o coração não ser capaz de contrair com força suficiente para levar o sangue a todo o organismo. Os sintomas de insuficiência cardíaca normalmente incluem fadiga extrema, dificuldade de respirar e retenção de líquidos. Outros sintomas podem ser tosse seca e persistente, pressão torácica, sudação aumentada ou sensibilidade ao frio.
A insuficiência cardíaca crónica é uma doença extremamente grave que compromete a qualidade de vida. As estatísticas mostram que cerca de 33 por cento das pessoas diagnosticadas com a doença não sobrevivem o primeiro ano após o primeiro internamento por insuficiência cardíaca. Isto, por si só, é razão suficiente para tratar do coração. As últimas três décadas de investigação mostram que o Q10 é uma substância natural com efeitos excepcionais no funcionamento do coração, tanto em termos de prevenção da insuficiência cardíaca como enquanto adjuvante da terapêutica convencional para a insuficiência cardíaca. Mas o que é verdadeiramente o Q10, e porque é tão eficaz?
Atenção: Se tem hipertensão, aterosclerose, defeitos valvulares cardíacos ou arritmias há muitos anos, tem maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca crónica. |
Q10 tem várias funções benéficas para o coração e para todas as células
Q10 é uma coenzima única e essencial. Sem ela sucumbiríamos imediatamente. O ser humano sintetiza a maior parte do Q10, mas a produção endógena da substância vai diminuindo com a idade. Determinadas doenças, como a insuficiência cardíaca crónica, e a toma de estatinas para reduzir o colesterol também podem afectar negativamente a síntese do Q10
Há duas formas principais de Q10, ubiquinona e ubiquinol, ambas necessárias à renovação de energia nas células.
- O ubiquinol é ainda um antioxidante potente.
- A ubiquinona é a forma oxidada de Q10, ao passo que o ubiquinol é a forma não-oxidada (reduzida).
Interacção fascinante
A ubiquinona e o ubiquinol transformam-se continuamente numa e noutra forma, alternadamente, mediante processos enzimáticos que incluem o selénio. É indiferente tomar uma forma ou a outra de Q10. O que interessa é tomar um suplemento que seja convenientemente absorvido. O organismo trata do resto e transforma o Q10 numa e noutra forma, alternadamente, consoante as necessidades do organismo.
Q10 é um antioxidante importante que protege contra a aterosclerose
No sangue e no sistema linfático, o Q10 (na forma de ubiquinol) está ligado ao colesterol LDL, funcionando como um antioxidante potente que protege o colesterol e as paredes dos vasos sanguíneos, deste modo prevenindo a aterosclerose. Em si mesmo, o colesterol é uma gordura essencial. Contudo, se oxidar torna-se perigoso, e é precisamente contra a oxidação que o Q10 confere protecção. Além disso, o Q10 protege as células do organismo contra os radicais livres e o stress oxidativo.
Os radicais livres são moléculas agressivas que atacam os lípidos, as células e os tecidos, provocando uma reacção em cadeia. Os processos de envelhecimento, stress, intoxicação, inflamação e radiação aumentam a quantidade de radicais livres. Os diversos antioxidantes constituem o nosso “escudo” protector contra a ameaça dos radicais livres. |
O coração contém muito Q10 e precisa de grandes quantidades de energia
No interior das mitocôndrias, que são pequenas “centrais eléctricas” celulares, o Q10 (na forma de ubiquinona) transforma a gordura, os hidratos de carbono e as proteínas em ATP (a principal fonte de energia das nossas células). 95 por cento da renovação de energia do organismo implicam Q10 e oxigénio – processo conhecido por respiração aeróbia.
História do Q10 e o seu papel na insuficiência cardíaca crónica
O Q10 foi descoberto em 1957 por Frederik Crane, cientista americano, que isolou o composto do tecido cardíaco bovino. Em 1961, o cientista britânico Peter Mitchell descobriu de que forma o Q10 produz energia a nível celular. Peter Mitchell recebeu o prémio Nobel da Química, em 1978, pelo seu trabalho. No início da década de 1970, o Professor Karl Folkers descobriu que os doentes com insuficiência cardíaca crónica tinham níveis inferiores de Q10 no sangue e no tecido cardíaco. Desde então, vários estudos demonstraram haver ligação entre níveis de Q10 reduzidos e maior risco de insuficiência cardíaca crónica e morte prematura.
Os níveis de Q10 no coração são inferiores em idosos e doentes com insuficiência cardíaca
O teor de Q10 no tecido cardíaco em geral diminui porque, com a idade, já não conseguimos produzir a mesma quantidade da substância no organismo. No princípio, poderá ser difícil definir as alterações insidiosas, por exemplo, fadiga, dificuldade de respirar, e outros sintomas difusos que, normalmente, surgem em consequência de as células não receberem sangue e energia suficientes. Além disso, está comprovado que o risco de insuficiência cardíaca aumenta com a idade e, como já se disse, os doentes com insuficiência cardíaca crónica geralmente têm níveis inferiores de Q10 no sangue e no tecido cardíaco, independentemente da idade.
Efeito terapêutico do Q10 na insuficiência cardíaca crónica
O coração bate dia e noite. Por ser o motor principal do organismo, é também o órgão que contém e consome mais Q10. Relativamente à insuficiência cardíaca crónica, o Q10 tem o seguinte efeito terapêutico:
- O Q10 participa na síntese de ATP (na forma de ATP) das células cardíacas
- O Q10 funciona como um antioxidante que protege as membranas e mitocôndrias celulares
- O Q10 serve de antioxidante que protege o coração e as artérias coronárias contra a aterosclerose
Estudos controlados de Q10 e doentes com insuficiência cardíaca
Em 1980, Folkers e Langsjoen realizaram o primeiro estudo americano, em que 143 doentes com insuficiência cardíaca foram tratados com Q10, por um período de seis anos. O estudo mostrou que a taxa de mortalidade entre os doentes que tomaram Q10 era apenas um terço da observada entre os doentes que não tomaram o composto. Desde então, vários estudos controlados mostraram que o Q10, quando administrada a doentes com insuficiência cardíaca, melhora a qualidade de vida, reduz a necessidade de internamento e aumenta a esperança de vida. À parte disto, tudo indica que a dose diária ideal para doentes com insuficiência cardíaca é de cerca de 300 mg. Além disso, para obter o efeito desejado, é imprescindível continuar o tratamento.
Estudo Q-Symbio: Menos tensão cardíaca e menos 43% de mortes
O cardiologista dinamarquês (já falecido), Médico Chefe Svend Aage Mortensen, coordenou o grande estudo Q-Symbio, que comprova na perfeição o efeito do Q10 na insuficiência cardíaca crónica. No estudo participaram 420 doentes com insuficiência cardíaca, oriundos da Europa, da Ásia e da Austrália. Todos os doentes receberam terapêutica convencional para a insuficiência cardíaca. Além disso, metade dos doentes recebeu três cápsulas diárias de 100mg de Q10, ao passo que a outra metade recebeu a mesma quantidade de comprimidos inertes (placebo). Ao fim de apenas 16 semanas, os investigadores observaram que, entre os do grupo de Q10 havia níveis reduzidos da denominada proteína BNP (péptido natriurético tipo B), que é libertada pelo coração quando trabalha sob tensão. Pelo contrário, no grupo placebo, os níveis de BNP aumentaram. Por outras palavras, a suplementação com Q10 permitiu ao coração bater com menos esforço.
Dois anos depois do início do estudo, verificaram-se menos 43 por cento de mortes relacionadas com o coração no grupo de Q10, comparativamente ao grupo placebo. Mais, a necessidade de internamento entre os doentes do grupo de Q10 era significativamente inferior.
Uma mudança de paradigma que dá nova esperança aos doentes com insuficiência cardíaca
O Dr. Svend Aage Mortensen considerou a terapêutica com Q10 uma mudança de paradigma no tratamento da insuficiência cardíaca. Ainda que os doentes recebessem aquele que era então considerado o melhor tratamento médico para a insuficiência cardíaca, os resultados foram ainda melhores quando se utilizou Q10 como adjuvante.
Ao contrário do tratamento médico convencional, que visa bloquear os factores hormonais envolvidos na insuficiência cardíaca, a Q10 é capaz de favorecer e renovação da energia celular e proteger as células contra o stress oxidativo causado pelos radicais livres. Em muitos países, como seja Hungria, Itália, Canadá ou Japão, os médicos utilizam Q10 para tratar doentes com insuficiência cardíaca, e com excelentes resultados. Na verdade, no Japão, já em 1981 o Q10 era uma das cinco substâncias mais usadas para a insuficiência cardíaca.
Como se vê, os médicos dispõem de um tratamento completamente natural para uma doença muito grave – e sem nenhum efeito secundário.
Em alguns estudos, em que a suplementação de Q10 não se revelou eficaz, tal deve-se, muito provavelmente, a doses muito baixas ou à fraca biodisponibilidade das formulações utilizadas.
As pessoas que tomam estatinas têm níveis inferiores de Q10 no sangue
Muitas vezes prescrevem-se antidislipidémicos (estatinas) aos doentes com insuficiência cardíaca, o que, como é sabido, faz baixar os níveis sanguíneos de Q10 em 40 por cento ou mais. Daí pressupor-se que sintomas como fadiga, falta de concentração, dores musculares e debilidade física poderão estar relacionados com a falta de Q10, o que é especialmente problemático para os doentes com insuficiência cardíaca.
Suplementos e doses
Ao adquirir um suplemento de Q10, é importante optar por um produto que tenha qualidade, biodisponibilidade e segurança comprovadas.
Em geral, as indicações são as seguintes:
Dose preventiva para pessoas saudáveis: 30-200 mg (consoante a idade)
Doentes cardíacos (insuficiência): 300 mg
Hipertensão arterial: 120 mg
Utilizadores de estatinas: 100-200 mg
Como o Q10 reforça a renovação da energia, recomenda-se a toma do suplemento de manhã. Em caso de doença crónica e de utilização de doses maiores, o ideal é fraccioná-las em várias doses mais pequenas para melhor absorção e metabolismo da substância activa.
Sinais de coração fragilizado:
Em caso de suspeita de coração fragilizado ou hipertensão, consulte o seu médico. |
Quanto mais baixos forem os níveis de Q10, pior é o funcionamento do coração e maior é a necessidade de um suplemento de Q10.
|
Bibliografia:
Sylvia Oleck, Hector O. Ventura: Coenzyme Q10 and Utility in Heart Failure: Just Another Supplement? Pharmacologic Therapy 2016
Mortensen SA et al. The effect of coenzyme Q10 on morbidity and mortality in chronic heart failure: results from Q-Symbio: a randomized double-blind trial. JACC Heart Faiul 2014
Pernille Lund: Q10 – fra helsekost til epokegørende medicin. Ny Videnskab 2014
http://hjertesvigt.dk/hvad_er_hjertesvigt/